Thursday 22 May 2014

22 de maio: "A Rosa dá às Abelhas o Mel."

Abelhas e rosas surgem com freqüência em diversas mitologias ao redor do mundo, sempre associadas aos temas femininos da GERAÇÃO, MANUTENÇÃO E RESTAURAÇÃO DA VIDA.


Por sua capacidade de produzir um dos mais ricos alimentos do mundo natural, as abelhas eram veneradas por diversas culturas. Sua organização social, sua engenharia na construção da colméia e sua diligência no trabalho tornam essa simpática criatura alada um exemplo de comportamento e conduta. As sacerdotisas de Deméter - a Grande Mãe pré-helênica - eram chamadas de Melissae, "aquelas que fazem mel", e no Egito Antigo as abelhas são as lágrimas do deus solar Rá. 

Tanto gregos quanto romanos associam a Rosa ao amor e à paixão - doce e atraente, mas também espinhosa. Para a tradição Sufi, a rosa é a metáfora perfeita para a vida - justamente por unir beleza, suavidade e atração aos fardos e espinhos. Se durante a Idade Média a Igreja desprezava a rosa por suas associações com cultos pagãos, a sua associação com os cultos marianos redimiram a "Rainha das Flores": a Rosa passa a ser a representação arquetípica de Maria como "mãe de Deus".

Para a Alquimia, a Rosa é a representação da pureza e delicadeza da Alma transmutada, centralizada no interior da cruz - o espírito na matéria, "as above so below', "assim na terra como no céu."

O dia 22 de maio - este mês tão rico de ligações com o Feminino - é a data de Rita de Cássia: a santa das causas impossíveis, pacificadora de conflitos, protetora da paz, mãe ainda aos 12 anos, freira no Convento de Maria Madalena.

Reza a lenda que quando Rita (Margherita) nasceu, abelhas se aproximaram da criança e entrevam e saíam de sua boca sem lhe causar mal. Já no fim da vida, adoentada e de cama, Rita pediu a um primo que lhe levasse uma rosa de seu canteiro. Era janeiro, alto inverno, período em que as rosas desaparecem mas, para surpresa de seu familiar, de fato havia uma única rosa a florescer entre a neve no jardim onde Rita passara a infância. Abelhas no nascimento, rosas renascidas na velhice.

A união da fertilidade e diligência das abelhas com a suavidade, resistência e doçura do perfume e do pólen da rosa são a metáfora perfeita que une figuras mitológicas importantes como Deméter, Rá, Maria e Rita de Cássia - seus mitos nos mostram um "mapa" espiritual para trilhar o caminho alquímico da transformação e do crescimento em meio às doçuras e espinhos da vida - como reza a sabedoria Lakota:

"Beleza à minha frente,
Beleza atrás de mim;
Beleza à minha esquerda,
Beleza à minha direita:
Eu sigo pela Trilha do Pólen."


© 2013 - Claudio Quintino Crow